Em nome da rua
Não sei de quem foi a infeliz ideia de dar nomes de pessoas às ruas do nosso Portugal. Uma rua é uma rua, não é uma pessoa. Ficaria muito chateado se alguém se lembrasse de associar o meu nome ao nome de um lugar ou de uma rua. Lugar da Lage (Guimarães) ainda vá que não vá, a laje não é um objecto efémero e sempre existiu no lugar antes mesmo de este o ser. Rua do Pontelhão também é aceitável, o pontelhão pode dar lugar a uma ponte desproporcional mas todas as pontes se transformam em pontelhões com a evolução dos tempos. Rua do crime (Faro) quando um crime é realmente cometido com o propósito de dar nome à rua é, também, bastante razoável. Rua dos Mártires da Liberdade (Porto) não deixa de ser um nome apropriado para uma rua mesmo que, na altura, os candidatos a mártires não soubessem muito bem ao que se candidatavam.
Problemático é dar nomes de pessoas às rua. Imagine-se, por exemplo, uma rua Doutor Mário Soares, é ridículo! Primeiro as ruas nada têm a ver com títulos académicos, segundo, para os contemporâneos do homem que usa um nome destes, a rua, por mais estreita e arejada que seja, fica com um aspecto obeso. Aeroporto Sá Carneiro. Irra, há pessoas que gostam de brincar com a tragédia!
Se não têm criatividade suficiente para dar nomes de ruas às ruas, e os nomes de pessoas são a única alternativa, então usem nomes de pessoas incógnitas. Eu sei que não há nada pior do que passar incógnito pela vida, mas as ruas, ignotas em toda a sua extensão, existem apenas para dar passagem e abrigo a milhares de incógnitos. Vejamos, por exemplo, uma rua António da Silva, não provoca mal estar nenhum. Manuel de Sousa é igualmente consensual. Francisco Pereira também não me provoca vómitos, agora, uma rua Francisco Louçã, ou Jerónimo de Sousa, ou Paulo Portas, José Sócrates ou Santana Lopes, é uma forma sinistra de azeitarmos uma rua que até poderia ter um nome decente.
Principalmente, não usem nomes de pessoas vivas no baptismo das nossas ruas. Imaginem uma Rua Carlos Cruz, Vale e Azevedo ou, uma rua Fátima Felgueiras! Não brinquem com as ruas e principalmente com os seus habitantes. É que uma pessoa pode perder toda a credibilidade num notário, numa repartição de finanças ou numa qualquer instituição de crédito...
- “Morada?” - Argui o paciente do lado de lá do balcão.
- “Rua...” – Diz o cidadão reticente.
- “Sim, vá lá!” – Continua o paciente impaciente. – “Vá que eu não tenho tempo a perder!” -. E o cidadão honesto e cumpridor lá termina a frase, sabendo desde logo que o nome que dá nome à sua rua o colocará ainda mais numa posição submissa e que todos os seus intentos cairão por terra após a sua citação: - “Carlos Cruz... Rua Carlos Cruz, segundo direito.” – O cochicho inicia do lado de lá do balcão imediatamente após o pronunciar do nome da rua e segundos antes de se ouvir um redundante não: - “Não! Não lhe poderemos satisfazer o pedido!” . Uma rua nunca poderá (ou deveria) ser virada totalmente do avesso sem a ausência da força de um terramoto, assim, e na esperança de estar a contribuir positivamente para o bem estar nas ruas do nosso Portugal, deixo a seguinte estratégia aos “Joões Baptistas”: Virem os nomes das ruas do avesso ao invés de virarem do avesso a vida das pessoas que nela, dela, e para ela vivem. Com um nome do avesso conseguem um encaixe muito melhor e a vossa falsa missão de benemeritizar fica brilhantemente cumprida. Imaginem uma rua Zurc Solrac, ou, Odeveza e Elav ou, Sarieuglef Amitáf.
Problemático é dar nomes de pessoas às rua. Imagine-se, por exemplo, uma rua Doutor Mário Soares, é ridículo! Primeiro as ruas nada têm a ver com títulos académicos, segundo, para os contemporâneos do homem que usa um nome destes, a rua, por mais estreita e arejada que seja, fica com um aspecto obeso. Aeroporto Sá Carneiro. Irra, há pessoas que gostam de brincar com a tragédia!
Se não têm criatividade suficiente para dar nomes de ruas às ruas, e os nomes de pessoas são a única alternativa, então usem nomes de pessoas incógnitas. Eu sei que não há nada pior do que passar incógnito pela vida, mas as ruas, ignotas em toda a sua extensão, existem apenas para dar passagem e abrigo a milhares de incógnitos. Vejamos, por exemplo, uma rua António da Silva, não provoca mal estar nenhum. Manuel de Sousa é igualmente consensual. Francisco Pereira também não me provoca vómitos, agora, uma rua Francisco Louçã, ou Jerónimo de Sousa, ou Paulo Portas, José Sócrates ou Santana Lopes, é uma forma sinistra de azeitarmos uma rua que até poderia ter um nome decente.
Principalmente, não usem nomes de pessoas vivas no baptismo das nossas ruas. Imaginem uma Rua Carlos Cruz, Vale e Azevedo ou, uma rua Fátima Felgueiras! Não brinquem com as ruas e principalmente com os seus habitantes. É que uma pessoa pode perder toda a credibilidade num notário, numa repartição de finanças ou numa qualquer instituição de crédito...
- “Morada?” - Argui o paciente do lado de lá do balcão.
- “Rua...” – Diz o cidadão reticente.
- “Sim, vá lá!” – Continua o paciente impaciente. – “Vá que eu não tenho tempo a perder!” -. E o cidadão honesto e cumpridor lá termina a frase, sabendo desde logo que o nome que dá nome à sua rua o colocará ainda mais numa posição submissa e que todos os seus intentos cairão por terra após a sua citação: - “Carlos Cruz... Rua Carlos Cruz, segundo direito.” – O cochicho inicia do lado de lá do balcão imediatamente após o pronunciar do nome da rua e segundos antes de se ouvir um redundante não: - “Não! Não lhe poderemos satisfazer o pedido!” . Uma rua nunca poderá (ou deveria) ser virada totalmente do avesso sem a ausência da força de um terramoto, assim, e na esperança de estar a contribuir positivamente para o bem estar nas ruas do nosso Portugal, deixo a seguinte estratégia aos “Joões Baptistas”: Virem os nomes das ruas do avesso ao invés de virarem do avesso a vida das pessoas que nela, dela, e para ela vivem. Com um nome do avesso conseguem um encaixe muito melhor e a vossa falsa missão de benemeritizar fica brilhantemente cumprida. Imaginem uma rua Zurc Solrac, ou, Odeveza e Elav ou, Sarieuglef Amitáf.
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